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Versão democrática portuguesa: burrocracia

Outra cultura, outros costumes – a democracia portuguesa

Todas as culturas têm os seus costumes. Como holandesa, não sabia muito da cultura portuguesa. Só visitei o país como turista. Desde os primeiros passos no seu país, tudo era diferente. Claro que é, é por isso que nós todos estão à viajar. Para conhecer outros povos, outros costumes, outros paisagens.

Esta diferença era muito surpreendente, muito presente

Junto com os meus primeiros passos vinha a surpresa da simpatia geral. Ao todo lado encontrei pessoas à rir, bem-dispostas, e ajudaram voluntariamente quando tinha um problema com qualquer coisa, porque no início não sabia falar português.

Que diferença com todas as caras ranzinzas lá no norte, sempre cheio de estresse, sempre com pressa. Parecia que Roterdão ficava noutro planeta.

Viajei com um grupo, e todos nós foram surpreendidos numa maneira muito agradável. “Vamos ver”, dissemos uns aos outros, “como é em Coimbra. Provavelmente, na cidade é muito diferente.”

Mas não. Pessoas bem-dispostas, sorridentes, educadas, atenciosas ao todo lado.

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Apaixonei-me

Mas como num casamento, isto mudou. Transformou em um profundo amor, que aceita as asneiras da cultura, continuando a gostar da beleza e da riqueza da mesma.

E encontrei estas asneiras, claro, mas consegui lidar com isto.

A única coisa que dá-me problemas, é o hábito de não responder quando uma pergunta é aparentemente demasiado difícil. Quando quero uma coisa que fica fora das capacidades da pessoa. Em vez de dizer “não posso, não quero”, fica só silêncio.

No início, precisamos um canalizador, mas não conhecíamos ninguém (nota: foi 17 anos atrás, a época sem internet). Um vizinho mandou um amigo dele, e este senhor fez uma instalação provisória. Depois, liguei tantas vezes, e ele por exemplo dizia: “Sim, sim,  passo 2A-feira”, mas nunca mais passou. E mais logo, nunca atendeu, porque reconhecia o meu número.

Recentemente, precisei uma costureira

Ela passou, falámos, combinámos que vou entrar em contato com ela quando os tecidos chegaram. Tudo bem. Mas agora …. nada. Não responde, não atende, aparentemente não está interessada.

Ok. Acho que é um hábito um pouco complicado, porque perco muito tempo com tentar ligar, e pensar que arranjei o que quero arranjar, mas não ….

Mas quando os responsáveis da Câmara também o fazem, é mesmo surpreendente. Infelizmente, não é uma surpresa agradável. Um funcionário do governo, que não atende quando não gosta do que ele provavelmente vai ouvir? Eles têm a obrigação de mandar uma confirmação, pelo menos isto?

Vivemos numa democracia, pois não? Ou é mesmo só burrocracia?

Falei com amigos, o João disse: “Às vezes tenho a impressão que todos os funcionários do governo, qualquer nível, apenas estão à controlar se todas as regras ainda estão lá. Regras, regras, regras, e mais regras. Matam todas as iniciativas, matam toda a energia das cidadãos, ficam com um povo apático porque não vale à pena de fazer qualquer coisa, que sempre está confrontado com esta vasta burrocracia.”

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Outra amiga disse, quando falámos sobre os meus problemas na comunicação sobre a alteração da nossa estrada: “Se as Termas da Azenha pertencessem ao sr Vereador, a estrada já teria tido sinalètica há muito tempo … alcatrão, bermas ajardinadas etc … “

Acho que é bastante cínica. Não acredito que é assim. Se nós, cidadãos, temos que cumprir às regras, os autarcos também, pois não? E Portugal é uma democracia, pois não?

Nesta área, fico confusa. Se calhar, tenho de viver muito mais tempo cá antes de entender isto por completo. Mas antes, preciso resolver esta coisa de alterar a estrada com a Câmara. E não acabo antes.

Espero que a minha esperança está justificada …